terça-feira, 23 de agosto de 2011

Do texto na gaveta


Quando eu ainda tinha 18 anos escrevia assim.

"E com a ânsia de conhecê-lo quis encontrá-lo.
- Eu sou a Gabriela, te vejo aqui nessa lista. Seu nome fica sob o meu, nos mesmos dias em que a angústia aqui se faz por completo. Senti que hoje é o dia de te encontrar, não para nos falarmos, mas para agradecer por caminhar comigo nesse lugar. Porque eu sigo seus passos, sinto seu cheiro e ouço seu respirar. Quer ir comigo? Então me siga nesse caminho sem luz nova, mas com a mesma história pra contar.
E passaram-se os dias, da mesma maneira que viro as páginas dos livros, ao mesmo tempo que aqueles pássaros cantam me avisando que o dia já está aí, e hoje é mais um dia em que sigo comigo e sem mim.
Após o recado escrito não te procurei. Não me faltou vontade, mas coragem. Entretanto, sinto que a sua ânsia por respostas passou. Imaginei o seu nome, curando e tapando o vácuo que por aqui se faz presente. Ainda. Vou te procurar por aqui, ali e acolá, na espreita e com a esperança de roubar de ti a mesma resposta que lhe fez bem por todos esses dias."

Hoje faço 21 e vasculho dentro desse corpo a mesma menina que acreditou que apenas um nome poderia mudar a sua vida.