terça-feira, 17 de julho de 2012

Berro

Dentre tanta fumaça, você. Apesar do barulho, você. Mesmo com a casa cheia, você. Já não sei mais, você.  Tão pouco conheço, você.
A batida desse meu peito tem seu nome. A saudade que me condena teu sobrenome. O teu lado da cama está intacto, volta. Te espero, vem cá.
Lavo tua roupa de cama, aliso teu lado, te esquento, protejo, amo. Dentro da fumaça, do barulho, da casa, do não saber, do conhecer, venha você. Volta para eu te amar, VOLTA.

Vez em quando vou berrar teu nome, vai que você descobre que só te quero bem... bem aqui. Aqui do meu lado.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Bem

Joguei as malas no chão, desisti. Apostei no cavalo azarão, perdi. Quis o possível e não o conquistei, lutei em vão. Passei por todas as fases do desapego: sofri, chorei, aceitei, me rendi, posterguei, deixei para lá, fui em frente, neguei, fingi aceitar. Só falta esquecer.
É muita coisa torta, não dita, já não cabe mais na boca, tão pouco para esconder no olhar. 
Vai menino bobo, me esquece que eu me apago, vive feliz que eu te acompanho, me ensina a ir para frente que eu faço escola. Se perde de mim que eu te encontro, nem se for para mentir que está tudo bem.
'Tá tudo bem.'

sábado, 31 de março de 2012

Leva

Abra essa tua mala sem cor, de mau gosto, tire o cadeado de todos os bolsos e encha, preencha com tudo o que me atormenta, o que você não quer, o que passou a ser inútil. Carrega contigo esse meu amor que era bonito e ficou empedrado, coloca na bagagem, esconde no bolso, vá embora com ele. Estoure todos os zíperes, perca-o pelo caminho, deixe correr com a enxurrada, mas o faça derreter com a chuva que não molha o teu rosto, mas encharca o meu.
Fecha essa mala, suma com tudo isso, mas volta. Volta e me consola, cuida desse coração quebrado, faz mais um remendo. Não me julga com esses seus olhos que não me olham, me dá teu ombro para o meu conforto, abre teu guarda-chuva e faça do silêncio a melodia certa para preencher a falta que você me faz.
Faz de mim o que eu era antes, antes de descobrir o homem em você. Me toma no seus braços e me peça para voltar.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Pedaço

Acordei amputada. Era como se tivessem arrancado de mim um membro, algo que era essencial para a minha vida. Agora eu manco, está faltando uma parte. Daqui para frente me acostumo com as muletas, delimito meus passos, desvio dos buracos. Desvio de você.
Que tudo fique mais fácil daqui para frente, já não carrego aquele pedaço pesado de história, empoeirado e sem vida. Devo estar mais leve, treinando a minha força. Um pouco mais solitária, mas, independente de tudo, eu.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sua

E no fim você me apertava dentro de um abraço sem culpas e me beijava a testa. Beijo de respeito, sincero, bonito. Já era esperado que eu despertasse.
Cansei desse sentimento de ladeiras e morros, fingindo sumir de vista e reaparecendo avassalador lá na ponta da rua, me atropelando sem pressa. Queria ter coragem para me enlaçar em seus braços e pedir para me deixar ser.
Ser sua.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

DNA

Sou virginiana e sofrer está tatuado no meu DNA.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sentido

Esse meu romantismo bobo já me fez te enxergar de diversas formas, com novos rostos e particularidades mínimas, mas com o mesmo jeito, essa maneira ímpar de ser você. Parece redundância, entretanto, é preciso expor em texto o que não é possível articular pelos lábios.
A bebida já não me satisfaz, apenas confunde. Sinto falta do cigarro, da tragada profunda, do sopro prolongado expulsando a tensão da alma e, por fim, da fumaça pincelando a distância segura que tinha da sua presença indiscutivelmente perceptível.
Mentiria ao dizer que essa história me incomoda. Senti falta do cálculo de cada frase, da métrica de qualquer palavra, a tentativa de parecer comum ao ponto de ser eu, ser quem você conhece. Projeto cada passo, me assusto com o toque espontâneo, fujo dos teus olhos.
Tola, por inteiro. Tola por prolongar decisões, em jurar em falso que nunca te quis e , por hoje, não conseguir ouvir de tua boca sobre seus outros amores.
Tola ao ponto de não te querer, de me forçar a não te ter, de acreditar que escrever pôde um dia me esclarecer.
Chega por hoje, percebi que essa história só pode um dia ser bonita quando ela terminar. Pois bem, é o fim.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

5

Preciso parar de sonhar com você, preciso agora. Até onde essa falta do fim pode me perseguir se já impregnou meu sono.
Cansei de te escrever cartas, muitas delas incompletas, tantas outras com apenas o seu nome. Talvez isso seja apenas o reflexo da história sem rumo que nos metemos, da história que, agora, tenho de carregar sozinha.
Poucas são as pessoas com quem partilho meus pedaços e são essas poucas que não conseguem acalmar essa palpitação chata, desritimada. Esse é mais um dos meus contos da angústia escondida.
Acho que perdi para o desconforto, o cansaço que me consumiu na tentatuva de digerir o que não aconteceu, por incrível que pareça. O que me aflige é pensar que você foi o certo na hora errada ou que fui seu equívoco, uma descoberta do menino que cresceu.
Sou esse poço abarrotado de questões que não querem ser feitas. Para mim, espectadora fiel da minha vida, essa é só mais uma das crises que duram 5 minutos, tempo suficiente para despejar em algumas linhas um pouco do que já passou em frente aos meus olhos, enquanto enxergava apenas você.