sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Apesar do só

Sinto sua falta, apesar do nosso último encontro, apesar do amor encurralado, apesar do grito sujo, das marcas nos braços, do ciúme exaltado, da raiva exalada, do soco não dado, do mal evidente. Eu sinto a sua falta. Sinto frio o teu lado da cama, o sopro do abraço, a falta da mão, do braço, do estar e do poder. Sinto falta de amar. Sinto falta de quando não sofria, quando as lágrimas eram de alegria e vivia mais.
Agora eu sinto o castigo, enfrento o tormento, ouço o silêncio que traz solidão. A saudade é do papo jogado, das palavras pela noite, de te ver sorrindo ao meu encontro, da tua mão zapeando o controle remoto, do programa da noite que não me deixa dormir.
Sinto sua falta, estando certa ou errada, irreconhecível ao espelho e em pedaços trincados aguardando remendo. Do amor, do seu, do meu, do nosso junto, enrolado na cama, desarrumando lençóis e que prometia vir para ser, não para passar.
Sinto saudades, mesmo não te querendo mais, o estar só, só me faz lembrar você.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Desejo

Minha vontade é de segurar seus rosto entre minhas mãos e mergulhar nos mistérios dos seus olhos. Na escuridão e trevas que eu conheci, mergulhar mais fundo e encontrar a criança perdida que com os olhos vermelhos tenta achar qualquer caminho, qualquer faísca de luz. Nesse meio tempo lhe dizer em um breve sussurro que o amor fica, ela não se transforma em vento que passa e já vai embora. Meu amor se faz concreto e, quem sabe, se ele se perder de mim, você ainda irá procurá-lo, ao trombar com tantas multidões.

Do amor que de tão grande, não cabe nesse peito nu, vai sobrar a sua busca em outros sorrisos, outros olhos, outros braços e abraços, talvez em alguma música ou naquela pedra que dividimos em certa viagem... Vai procurar meu amor pelas ruas, sarjetas, bares, em outras pernas e lábios e jamais o sentirá entre os seus dedos. Os beijos que virão não serão dele, a intensidade dessa paixão que me devassou não te tocará.

Se eu pudesse te olhar nos olhos por mais uma vez, colaria minha testa na sua e, nesse último instante juntos, lhe diria apressada que nenhum outra amor seria suficiente e que jamais seria uma parcela desse que te dei. De graça. Sem juros. E que hoje só me levou ao fundo do meu próprio desejo.

Se eu pudesse...

domingo, 29 de setembro de 2013

Pela escolha

Nós escolhemos nos deixar ir. E fomos, sem a pressa corriqueira que eu sempre dizia estar. Sem julgamentos, voltamos alguns passos, tentando em vão retroceder na decisão de ir. Mas, era tarde. Nossos passos já não caminhavam juntos, se o meu era sul o seu era norte, se apontava o leste você já era o oposto.

Como porta fechada, como último suspiro, como grito vencido, cá estou. Tentando fugir da imagem concreta do seu beijo colado ao dela, da sua mão escondida debaixo da renda da blusa, do espaço do abraço que agora não é meu.

Me esqueço da minha vida e já te imagino no altar com a mulher da sua. Com o pedaço da cama que foi seu e agora abriga o teu travesseiro, o meu forte.

Vai se lembrar de quando o para sempre nos pertencia? De quando seu rosto no meu era uma promessa de futuro? Você vai. E ao se lembrar dos meus beijo, quando a mão dela estiver no seu peito, vai lembrar o meu cheiro pelos teus lençóis, do meu sorriso que trazia o seu e o quanto te precisei e não exigi.

Vou me agarrar na peça de roupa que você deixou, lembrar de você de graça, enquanto atravesso mais um domingo que nunca será como antes. Me recolho no escuro em meio de gotas salgadas. Me refugio do mundo e do medo profundo do amor que me habita.

Esqueci de me preparar para o abandono, eu descobri o amor intenso e vivo, agora, para esquecer três palavras que guardo no bolso. Como moedas soltas. Como a nossa história. Como tudo o que eu era antes de você.

Não adianta

Agora você está sozinha, menina. Não adianta chorar, limpe essas lágrimas. Seu pranto não te consola. Você está sozinha. Olhe para o lado, aprecie o sossego. Esquece essa angústia que te doma, arranca essas amarras, vai sorri. Pergunta para o seu passado onde ele escondeu teu sorriso, fala também se o teu abrigo ainda está lá intacto. Não demora, não. O caso pode ficar sério, seus olhos estão fundos, sua pele está branca, acorda.

Desfaz-se dessa vontade louca, agora já não dá mais. Seus semelhantes foram embora, é você por você. Não há mais ninguém. Encara esse seu ex-amor, ordene que ele se vá, não vá você. Fica.

Se consola na saudade, usa a força dessas lágrimas e grite. Vai, bem alto. Desmancha essa dor, arreganha esse sofrer pro mundo. Calma, você não fez nada errado. É só a vida te ensinando a hora certa de lutar somente por você.

Senta aqui, agora abre esses olhos. Olha para o mundo, desvia esse olhar do chão. Os buracos? Você aprende com o tempo a pulá-los. Veja, você já não precisa mais chorar. Coloca sua coragem debaixo do braço e vai a luta.