terça-feira, 11 de março de 2014

Procura-se

Procura-se um amor que saiba amar.
Que tenha no peito a coragem, que queira mergulhar no medo profundo que é pertencer a alguém.

Procura-se alguém que tenha medo, o mesmo medo de perder a sanidade, de rasgar a pele em desespero, que tenha receio de acordar assoprando feridas expostas na carne, medo da verdade que é esse amor.

Procura-se alguém que queira ver o mar, enterrar os dedos na areia, dividir a brisa, o cheiro de maresia, que perceba o infinto e o abrace sem rodeios. Temos tão pouco tempo.

Procura-se alguém que saiba permanecer, durar, ser inteiro. Alguém que prenda a atenção apenas com um sorriso e que saiba fugir dos problemas mais simples como a fila do supermecado, o horário daquele filme e as marcas de shampoo.

Procura-se alguém que divida a cama, o travesseiro. Que ocupe o mesmo espaço do meu abraço. Que goste de dormir com barulho de chuva e não deixe a televisão ligada. Que esquente minhas mãos com o calor das suas, e o meu corpo com qualquer sopro de desejo.

Procura-se alguém que tenha cheiro de flor e gosto de fruta. Alguém que invada o odor do meu perfume e que grude nas escamas dessa pele. Que me acompanhe. Que queira andar no meu ritmo. Que decore meus caminhar. Que queira.

Alguém que fique por um segundo.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Voltar

E quando percebi tinha ido mais longe, procurando a sombra dos teus olhos. Me esquivando daquele passado sujo. Fui além, além do prazer imediato, do contato sem compromisso, da risada embriagada.
Me embriaguei nas suas palavras, desejei memorizar cada parte do seu corpo, decorar cada fala espontânea, levar comigo o braço que me envolvia enquanto dormia. O sussurro desajeitado de bom dia. A peça de roupa impregnada com teu cheiro.

Foram tantos dias vazios naquele lugar nublado, passado, com as lembranças pesadas de um amor que não vingou. Ai vem você... descompromissado com as amarras que a vida nos prende, me deixou livre.

Foi ao te ver que cada centímetro do meu corpo vibrou e eu te quis. Ali. Me permitindo somente te querer. Te beijei e entendi, que por mais que eu houvesse sofrido, além da dor da mágoa, do choro e da raiva, os passos foram traçados para eu chegar até você.

Quando você foi embora, tentei repetir e conjuguei mentalmente todos os seus verbos. Porque eu cheguei até aqui sozinha e o voltar parecia lenda antiga.

Quando você voltar vou te ler em braile, te tocar sem receio e acreditar que no meu mundo de certos e errados, você é a minha contramão.

Quando você voltar...