sexta-feira, 24 de julho de 2009

Aqueles putos que eu amo!


Já fiquei três meses sem internet, três meses sem ver minha família, , cinco meses sem tomar refrigerante, um mês com o braço engessado, alguns meses sem beijar na boca e um ano sem computador em casa, entretanto, piro ao ficar algumas semanas longe dos meus amigos. Devo especificar quais: os da faculdade.
Não menosprezo meus amigos de infância ou de escola, mas acostumamos a nos vermos em certos horários ou até não nos vermos. Aprendemos a conviver com a falta de tempo e disposição, mas sabemos aproveitar o tempo que compartilhamos juntos e relembrarmos as histórias e apuros que passamos.
Os amigos a quem dedico esse texto são diferentes das amizades de antes. Por mais que você queira não consegue se livrar deles. Eu nunca tentei, mas imagino quão complicado isso deva ser. Percebi hoje que sempre reclamo quando estou longe deles, fico mais chata e difícil de lidar. Não é proposital, mas não luto para que isso deixe de acontecer.
Suas cabeças são mais abertas, despidas de alguns preconceitos e aptas a receber outras opiniões, isso não significa que irão aceitá-las, mas raros são aqueles que ouvem e seguem em frente sem uma dura objeção. Suas conversas sempre acabam no mesmo assunto, porém, me delicio percebendo como chegamos até ele. A qual assunto me refiro? Chuta! Sempre há novas histórias, ou alguém novo para contarmos as velhas. Até parece que na casa dos seus pais você vai rir absurdamente alto sem levar uma bronca, justamente por isso que me sinto a vontade para rir absurdamente alto as quatro da manhã, quando alguém tem a genial ideia de fazer pipoca com caldo de galinha, ou simplesmente soltar uma pérola que passaremos a diante no dia seguinte. Você pode receber visitas unisitadas as três da manhã ou uma interfonada para um terere as duas, duvido que isso aconteça na casa dos seus pais. Claro, pode acontecer, mas não todo dia.
Existe uma algo a mais que me deixa, nesta noite, com uma vontade absurda de voltar, no entanto fico receosa ao lembrar que meus amigos não estarão por lá. Que graça tem, né. Imagino todos os apartamentos vazios, os bares fechados e um silêncio incomum. Hoje eu poderia estar tomando chocolate quente com um deles, ou comendo pipoca com todos. Poderia estar jogando conversa fora, ou deitada na minha cama quase dormindo enquanto ouço eles conversarem a alguns passos de mim.
Seus gostos estranhos, cidades diferentes e sotaques familiares me deixam com saudade. Sei que vou vê-los daqui há alguns dias, mas confesso que minhas madrugadas acordada não estão sendo interessantes.
Favor encontrar-me todos no dia 3 de agosto. Isso não foi um pedido.
Até lá.

Obs.: E quem liga para minha montagem porca? Quem? Quem?

terça-feira, 21 de julho de 2009

'Se você não entende não vê...'

Meu médico do coração disse que tenho um sério problema com ansiedade, foi ele quem disse e quem sou eu para duvidar. Nunca assumo que existe um problema, e desconto em mim. Não, não me auto-flagelo, ou me mutilo, mas faço do meu corpo uma lixeira, consumindo todas as porcarias existentes e alcançáveis. A maneira que dava resultado era quando eu realmente encarava tudo de frente e brigava mesmo sem motivo. Eu era mais, mais, nem me lembro mais. Talvez eu era mais eu.
Assumo que nunca movi montanhas para mudar meu estado físico, mas já fiz algo e isso eles não podem negar. Sedentária? Agora, já fui mais ativa e mais leve. No entanto, quando a sua cabeça faz com que o seu coração fique mal, devemos mudar de estratégia. Me entupi de remédios, funcionou. Mas tudo que é bom dura pouco, ou o suficiente para te marcar e comigo não foi diferente. Por pouco não tive uma parada (não gosto de usar o termo completo), ainda me recordo dos rostos assustados que me levaram ao hospital. Esqueci de avisá-las que aquilo acontecia... Sei que seria um pouco em vão, afinal de contas elas não eram as únicas assustadas por ali.
Uma das lendas do uso de medicamentos é a volta do peso. Dito e feito, a lenda não é lenda. Estou pior que antes. Mais insegura, mais descontente, um pouco conformada, mas ainda de saco cheio. "Você está bem assim", "prefiro você sem os remédios", "ninguém liga, para com isso". Ah se eles enxergassem a minha maneira, talvez veriam o que eu vejo. Sou eu que ouço as críticas, sou eu que percebo os olhares ou a falta deles. Eu que sou comparada com a prima, com a vizinha, com a amiga. Eu.
Vocês não me ajudam mentindo para mim, e não me agradam dizendo a verdade. Podemos não tocar no assunto? Eu tento me resolver. Acho que já posso tomar as minhas decisões, afinal de contas o corpo já é meu, depois eu apuro as consequências...
Só não me venha agora com um "não é assim Gabriela".



Ps: Aquele a quem dediquei o post anterior foi quem não me fez bem hoje. O seu "eu falo para o seu bem" não me convenceu. Passa amanhã.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Meu encosto

Ele já leu meus diários, já quase me atropelou, quase me matou, me odiou por anos, já pediu para que eu não fosse embora, já pediu para eu ir, já me agradeceu em silêncio por ficar calada e mesmo ele não querendo vamos sempre estar ligados, afinal de contas irmão você não escolhe, você tem e ponto.
Eu não tive de esperar por ele, ele pelo contrário, aguardou nove meses para me ver. O menino mimado passou a me ver como inimiga. Como sei disso? Nas rodas de conversa em família sempre se descobre uma história por aqui e outra acolá. Fico atenta e aguardo o momento certo para pentelha-lo. Irmã caçula é um ser adorável.
Já brigamos feio, já bati porta e perguntei por que ele não ia embora, mas me arrisco a dizer que não fiquei mais de um dia sem falar com ele. Ai como suas manias são chatas, seu jeito empinado de dizer que estou errada, sua voz grossa e alta me calando e suas lições de moral... ah suas lições que teimam em me dizer o quanto sou inexperiente e tola.
Suas notas sempre foram as melhores, ele sempre foi o mais inteligente, o mais esforçado, o mais tudo. Pelo menos em casa sobrou para mim o título de mais mimada, não que isso seja motivo para orgulho, mas antes este posto do que nada.
Adoramos rir juntos, mesmo que seja de coisas diferentes, adoro discutir com ele sobre mau gosto e fofocar sobre a vida alheia. Brincar com a minha mãe deixando ela de cabelos em pé, correr atrás do último pedaço de pizza, ou tirar par ou ímpar para ver quem vai ligar para o cara do lanche é coisa que acontece a toda hora, mas não perde a graça nunca.
Ele me chantageia, não me deixa dormir, e prefere sempre a minha televisão, a minha cama e o meu quarto. Já paguei um real para ter o controle remoto em mãos por cinco minutos. Com a rapidez de uma lebre ele conseguia o que queria, no entanto, eu tenho algo que ele não tem: uma cara de choro muito convicente.
Não somos amigos, somos irmãos. Isso é fato. Ele nunca me chamou para sair, e eu muito menos. Seus amigos me conhecem, entretanto se vi três deles seus rostos já foram apagados por outros. Um dos meus passatempos na infância era mexer nas suas coisas, porém ter um irmão sistemático e chato é sinal de bronca na certa. Essa fase passou, mas como era divertido.
Ainda não perdi o costume de gritar: "Mãããããe, cadê a Coca que eu comprei???". Até meu cachorro já sabe a resposta: "O Tiago passou por aqui."
Ele está gordo, sempre foi feio e chato, e eu não sou parecida com ele. Ainda não sei como posso amar um ogro como ele, no entanto não teria graça se na nossa casa ele não existisse. Prefiro tê-lo por perto, assim tenho em quem botar a culpa pelo leite condensado roubado.
Vou ali tentar salvar o último pedaço de pudim e agarrar o controle remoto. Meu irmão está chegando.
Até mais.

sábado, 18 de julho de 2009

Onde foi parar?

Foram seis anos de amizade. Mesmo isso não sendo nada para a história da humanidade, para história da minha vida foi. Confesso que em principio não ia com a sua cara, cabelos longos meio gordinha e a insistente mania de me perguntar as horas.Ela não se foi, mas como sou convecional, gosto que as coisas as quais me dediquei continuem. Parar sem motivo aparente ou sumir sem deixar rastros não é uma boa atitude, não ao meu ver.
Ela me chamava de irmã, dizia que queria viajar comigo, que iríamos morar juntas e mesmo se isso não desse certo nossa amizade continuaria. Ela não era minha confidente, mas sentia isso por parte dela. Eu gostava da importância que ela me dava.Mas hoje penso se isso não era carência, se não era ciúmes por ver outros amigos denominando as amizades como 'amor de irmão'. Hoje é difícil chamar amigo de irmão, não sei se é válido. Pode ocorrer o mesmo com o novo 'irmão', prefiro não tentar, não tenho dois irmãos a toa.
Após minha aprovação no vestibular a nossa amizade mudou incrivelmente. Suas ligações não existiam mais, seus recados, emails, mensagens foram estranhamente sumindo. Eu errei em ter saído de casa e tomado um rumo diferente do imaginado? Eu sei que não, mas foi umas das respostas mais coerentes.
Dessa vez fui orgulhosa. Não pedi desculpas pelo erro que não cometi. (Sim, você leu corretamente 'os erros que não cometi'. O que não fazemos para manter uma amizade?! )Chega de escrever cartas, fazer cartazes e pular na frente de seu carro gritando 'eu te amo!'. Foram anos de amizade, depois desse tempo eu merecia sair por cima uma vez. Seis meses depois de ir embora da nossa cidade, escrevi uma carta de despedida, entretanto tenho a incorrigível mania de não colocar as cartas no correio, mas hoje me arrependi de não tê-la postado.Assim, não seria necessária a conversa torta e sem sentido que tivemos hoje.
Não sei brincar disso, não sei. Agora eu entendi o que me disseram: "não meça as amizades pelo tempo". O orgulho de gritar aos quatro ventos que nossa amizade era de seis anos tornou-se frustração no último gole de cerveja do meu copo."Eu pensei que estava tudo bem". Eu não levantei e fui ao banheiro porque eu não estava apenas com ela na mesa. Vontade de dizer: "onde você estava quando a nossa amizade levantou e foi embora? onde?"
Só desejo que ela sinta minha falta.
Sem mais.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Porque ele disse sim



Ele entrou pela porta da frente e se sentou. É bom saber que não preciso mais correr em círculos para ver uma cena dessas. Não preciso mais de argumentos, nem de tempo. Apenas preciso aprender que um pé na frente do outro é a forma mais sensata de seguir em frente. E já que agora é com ele que eu sigo, levar a lição a risca pode ser uma boa pedida.
Por mais que eu relute em admitir que nem tudo tem de acontecer da forma mais agradável para mim, eu ainda espero que o mundo realize as minhas vontades. Sim, meu momento criança chata "várias vezes" toma conta da minha cabeça. Ué, acontece.
"Vai sentir minha falta?-Só um pouquinho!". Eu não caí nessa. Sei brincar de ser durona, mas é tão chato que prefiro dizer o contrário: eu vou sentir sua falta.
Com as malas quase prontas e a vontade de ver meus amores, me lembrarei que ao voltar de casa vou ter ao meu lado aqueles olhos. Como isso deve ser bom.
É tempo de descoberta queridos, e só vou saber do amanhã quando ele tiver passado.

Eu vou, mas o cheiro dele vem comigo.
Sem mais.