quarta-feira, 16 de março de 2011

Longe

"Só me lembro bem do preço do seu olhar.
E hoje me desfaço desse traço, sem pensar..."
(Tico Santa Cruz e Rodrigo Netto)

É mais uma madrugada. Mais uma entre tantas outras pensando o que pode ser do amanhã, e seria tão reconfortante saber que calmaria e pureza fariam parte daquelas 24 horas.
O que eu precisava há alguns dias era apenas escrever, mas o medo de despejar em poucas palavras o que saía torto pela boca foi maior. Precisamos digerir o que passa e passou.
Posso dizer agora que não é saudade o que sinto, entretanto existe algo que me recordo, algo que não é familiar.
Posso dizer também que vocês são poucos, mas não entenderam que são muito para mim... e é tão difícil dizer isso, mas eu não os conheço tão bem. Entre tantas histórias contadas entre garrafas de cervejas e risadas, me vejo vagando entre desconhecidos e fazendo parte da vida deles, sem necessitar de reciprocidade.
O que é isso? Não sei. É cômodo? É. Faz falta? Agora não.

Eu insisto na tentativa falha de repartir entre pessoas a ânsia de existir por elas, mas é evidente que vivo mais por uns do que por outros. Olha, eu já vivi muito por você. Já quis bater meu coração por você, respirar e ser o que você precisava, mas eu preciso de calor. Eu preciso de decisões erradas e reticências, preciso saber que você sai da linha para eu sair também. Preciso do calor. Acho que preciso também saber, agora de verdade, o que foi e o que é. Preciso do calor daquilo que você esqueceu guardado, ou queimou em pensamento. Preciso.

Estou te esquecendo sem saber se realmente te conheci. Por aqui, a lição de não precisar de você por perto está quase completa... mais algumas linhas e apenas uma lembrança virá acompanhada do seu nome: o seu silêncio.

Eu sei que provavelmente você não lerá esse texto. Talvez seja porque estamos mais longe do que pensamos um dia.

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