quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Eu te aconselho.

Não foi a chuva, nem a data no caléndario, simplesmente percebi que passou. Não de uma hora para outra, mas mesmo assim. Comecei obserbando que ainda tenho muito para viver e logo depois, vi que isso pode acontecer com ou sem você. A certeza disso virá com os dias contados no calendário preso na parede.
Se chorei por esses dias, foi culpa da saudade. Daquilo que por vezes pensei haver perdido. Daquela que me recordo sempre, mas que não aparece com a mesma intensidade. Me faltam a presença de muitos, mas minhas palavras não são para eles...
Sabe, eu tentei dar conselhos. Vi-me tão sem ação na frente dele.O que veio pedir socorro quando o ar lhe faltou. Acho que me perco nas palavras, repito a mesma coisa cem vezes, mas de maneiras diferentes. Ah meu querido, eu queria poder te ajudar. Queria lhe garantir que como a minha dor, a sua também vai passar. Apresentar-lhe a certeza de que não deixa marcas mesmo contrariando o que sinto aqui. Você lutou por algo maior, pela mulher amada. Eu não.
Te imaginei chorando, deitado no sofá, na tarde de tempo estranho que dominou toda cidade. Sem sons. Apenas com o barulho da construção ao lado, como você mesmo contou. Confesso que fiquei com medo de te ver, não gosto de sentir pena do próximo. Pena não é um sentimento para se ter orgulho. É por isso que eu pretendo extingui-lo, de dentro de mim, é claro.
Preocupação. Resume-se assim minha tarde de quarta-feira, a partir do momento que você apareceu. Sem proteções, triste, inconformado, derrotado.
Nunca passei por nada parecido. Não tenho nenhuma história de superação para tentar te reerguer. Hoje posso apenas lhe oferecer meu colo junto de uma palavra de conforto. "Vai ficar tudo bem, meu querido". A única certeza que eu pude lhe ofertar foi a do tempo. Aquele que leva embora tudo o que é bom, e que desmancha o que é ruim.
Infelizmente não temos um comando que nos faça parar de amar, parar de sofrer, parar de chorar, parar de pensar. Tudo seria mais fácil se funcionasse dessa forma. ( E que graça teria, mas isso fica para outra hora.) No entanto, sempre ouvi por aí "Só errando, dando com a cara no chão, é que vamos aprender o que não mais deve ser feito." Machuca. Cicatriza. Cura. Passa.
Eu sei que aí dentro, de onde saem tantas palavras tristes há de existir uma força. E é essa que vai lhe fazer levantar, do mesmo modo que eu levantei. A trancos e barrancos, mas com alguma coragem de ver um sol nesses dias nebulosos.
Desculpe se comparei nossas histórias, companheiro. Sei que são tremendas as diferenças entre elas, mas mesmo assim te peço, me deixe falar o pouco que sei.
Depois de tudo o que foi conversado senti aqui dentro aquela vontade de tentar de novo, de correr mais um pouco e quem sabe alcançar a vitória. Um final feliz. Só que por hoje vou esperar. Esperar o meu susto passar, esperar as certezas que podem vir, esperar alguém chegar e quem sabe dizer: você pode ir tranquila, vamos fazer isso juntos.

Promete ficar bem? Promete me avisar, ao menos, quando não cumprir a primeira promessa? Promete chorar, mas o sufuciente para sentir-se aliviado? E por fim, promete viver para amar outra vez?!

Eu estou contigo.

2 comentários:

À vontade.